Urgências de Anadia encerradas há um ano sem protocolo assinado
No passado dia 2 fez um ano que a Urgência do Hospital José Luciano de Castro de Anadia foi encerrada pelo então ministro da Saúde, Correia de Campos. As dezenas de manifestações levadas a cabo pelo povo ainda estão vivas na memória de muitos. Mas cessaram. E volvidos estes 12 meses o hospital está hoje requalificado. Contudo, o protocolo proposto pelo Ministério da Saúde continua por assinar pela Câmara Municipal de Anadia. José Paixão, que liderou o movimento cívico de populares denominado por “Unidos pela Saúde”, afirma sem pudor que o protocolo, mesmo não tendo sido assinado por Litério Marques, presidente da Câmara de Anadia, “está a ser cumprido”. Fundamenta-se nas “obras que têm estado a decorrer no hospital, assim como algumas alterações ao nível de consultas de especialidade”. Assumindo-se, desde o início, como uma voz da discórdia ao longo de todo o processo, José Paixão admite que a Consulta Aberta, que veio substituir o Serviço de Urgência, “está a funcionar satisfatoriamente”. Mas continua firme na opinião face à eventual assinatura do protocolo: “Continuamos a não aceitá-lo como está e não o queremos ver assinado. Com esta gente não vale a pena. Só se formos tolos! Há concelhos que assinaram e não receberam nada em troca”, atirou, dando como exemplos Cantanhede e Estarreja. E chegou mais longe, propondo a assinatura de um “inventário”, depois de “tudo lá estar, para não ficarmos sem nada definitivamente”. Para José Paixão, um ano depois das portas da Urgência estarem fechadas em Anadia, o problema continua a ser o mesmo: a redução do horário de atendimento ao público, que passou de 24 horas para 16 horas, ou seja, a Consulta Aberta encerra das 24 às 8 horas da manhã. “Se estivesse a funcionar durante as 24 horas era excelente. Não pedíamos mais”, afiança, garantindo que da sua parte haverá sempre contestação enquanto não estiverem contempladas as 24 horas de funcionamento do serviço, equacionando mesmo voltar à rua “em ano de eleições”. “Se tudo está a ser cumprido, para quê assinar agora o protocolo? Arriscamos prejuízos”, advertiu. Hospital requalificado De acordo com informações da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), a cessação do Serviço de Urgência do Hospital José Luciano de Castro de Anadia, a 2 de Janeiro de 2008, implicou a criação de uma Consulta Aberta, inserida no âmbito do programa de reforma dos cuidados de saúde primários, que entrou imediatamente em funcionamento na mesma data. A partir dessa altura avançou o projecto de requalificação do hospital, projecto esse do qual faz parte a Consulta Aberta, bem como a criação de consultas da especialidade. Assim, segundo a ARSC, em colaboração com os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) estão já a funcionar as consultas de Otorrinolaringologia e de Dermatologia, estando previsto arrancar, em breve, a consulta de Oftalmologia. Foi também reforçada a Cirurgia Vascular, em articulação com os HUC, e alargado o horário da consulta de Pediatria, bem como a melhoria da oferta do hospital em Fisioterapia, com a contratação de dois fisioterapeutas, o que está a permitir reduzir a lista de espera nesta área. Nova Unidade de Convalescença Ainda no âmbito do projecto de requalificação iniciaram-se obras para a instalação de uma Unidade de Convalescença, com 20 camas, integrada na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. As obras estão, nesta altura, concluídas, aguardando o hospital apenas a vistoria das entidades responsáveis da ARSC, estando prevista a abertura da unidade ainda este mês. A ARSC relembra ainda que, a 22 de Dezembro de 2007, o INEM I.P. instalou uma ambulância SBS (Suporte Básico de Vida), com dois técnicos de ambulância de emergência (TAE), destinada a servir o município de Anadia. O sistema regional de socorro e transporte conta ainda com as unidades VMER sedeadas em Coimbra e Aveiro. Mais de 35 mil atendimentos na Consulta Aberta em 2008 Segundo números fornecidos pela ARSC, a Consulta Aberta, a funcionar no Hospital José Luciano de Castro de Anadia, de 2 de Janeiro de 2008 a 31 de Dezembro de 2008, somou um total de 37.102 atendimentos. De referir ainda que foram realizadas 450 consultas de Dermatologia, desde Maio de 2008 e 60 consultas de Otorrinolaringologia, desde Outubro do mesmo ano. O Quiosque das Letras ouviu alguns utentes, que se mostraram satisfeitos com a prestação da Consulta Aberta. Apesar disto, a maioria deles mostrou preocupação face ao encerramento depois da meia-noite, visto não haver confiança na alternativa (transporte pelo INEM para os HUC). Um longo processo Recuando no tempo, o processo das Urgências de Anadia - concretizando-se o fecho a 2 de Janeiro de 2008 -, teve início ainda antes, em Dezembro, porque uma providência cautelar foi interposta pela autarquia, acabando por ser rejeitada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu. As dezenas de acções de rua promovidas pelo “Unidos pela Saúde” acabaram por desgastar a imagem do ministro Correia de Campos, que acabou por se demitir, sucedendo-lhe Ana Jorge, que acabou por manter os seus argumentos e a decisão. Nesta altura Litério Marques decide afastar-se dos protestos, mostrando abertura ao diálogo com Ana Jorge. Hoje, o autarca vai-se agarrando a aspectos formais do protocolo proposto pela nova ministra, para protelar a sua assinatura. Mas as melhorias vão chegando na mesma ao Hospital José Luciano de Castro. (Foto: Ana Jesus Ribeiro)
Instalações a estrear em funcionamento no ano lectivo de 2011/2012
As obras de construção da nova Escola Secundária de Anadia (ESA) vão ter início em 2010, com data prevista de entrada em funcionamento das novas instalações no último trimestre de 2011. Quem o diz é o Governo, em resposta ao último de vários requerimentos de José Manuel Ribeiro, vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Após quatro diligências, o deputado anadiense considera que o Ministério da Educação (ME), na resposta à última, “foi um pouco mais claro e objectivo”, visto ter assumido o compromisso - após uma “derradeira vistoria” às actuais instalações, no dia 28 de Outubro -, de que “as obras para substituição da escola teriam início no último trimestre de 2010, com data prevista de entrada em funcionamento das novas instalações no último trimestre de 2011, uma vez que o prazo de execução previsto se situa entre 12 e 14 meses”, como pode ler-se na resposta do Governo ao último requerimento. No entanto, para José Manuel Ribeiro estas conclusões causam um sentimento de “misto” e de “contida satisfação”, por o Governo ter assumido, finalmente, “a construção de uma nova ESA, comprometendo-se com montantes, datas e prazo de execução”. Por outro lado, fica um “sabor amargo”, por a nova ESA só ser “uma realidade, na melhor das hipóteses, no ‘longínquo’ ano lectivo 2011/2012, ou seja, daqui a três anos”. São anos em que “os alunos, professores e outros técnicos terão de ‘viver’ numa escola altamente degradada e em ruptura”, considera o deputado. E acrescenta: “Tendo em conta o lamentável estado em que se encontra a ESA, teria sido justo e correcto que as obras iniciassem no mais curto prazo de tempo. Desafortunadamente, a construção da nova escola não foi considerada urgente e prioritária por este Governo socialista”. José Manuel Ribeiro não deixou de realçar o papel desenvolvido pelo Conselho Executivo da ESA ao longo dos últimos anos, bem como o papel desempenhado pelos alunos, que, recentemente, numa manifestação demonstraram a sua indignação relativamente às condições da escola. Após tantos meses de pressão junto do Governo, o deputado não pode deixar de transmitir a sensação de dever cumprido, e de que toda a insistência junto do ME valeu a pena, “sempre com o mesmo objectivo, de defender as populações”, terminou. Luís Santos muito satisfeito Luís Santos, presidente do Conselho Executivo da ESA, muito satisfeito com a notícia, admitiu que este é um “avanço relativamente àquilo que se vai fazendo e discutindo sobre o assunto”. E continuou: “Face ao que o ME escreve, temos de dar crédito. Pensamos que na realidade esta será uma situação que já não terá retorno. Mas enquanto não houver um acordo assinado, teremos sempre alguma dúvida. Para já há um compromisso, o que já quer dizer algo”. Questionado sobre o período de espera até à concretização da obra, Luís Santos disse que se for esse o prazo, “dado o estado de degradação é muito tempo. Ideal teria sido que a ESA estivesse englobada nas primeiras 14 escolas a concurso. Assim, teremos de aguardar para a segunda fase de reconstrução ou substituição de equipamentos”.
Buzinão de protesto para manter Urgências
No próximo dia 29, sábado, um grupo de cidadãos de Anadia, denominado “Unidos pela Saúde”, vai realizar mais uma iniciativa em defesa das Urgências do Hospital José Luciano de Castro, em Anadia.
Trata-se de um buzinão de protesto, com partida do Largo do Município de Anadia às 15 horas e, de acordo com José Paixão, do movimento “Unidos pela Saúde”, tem como “destino Coimbra, até junto do edifício da Administração Regional de Saúde do Centro, onde se fará um buzinão simbólico de protesto, em marcha lenta”.
A decisão de encerrar as Urgências de Anadia foi tomada “pelo senhor ministro Correia de Campos, que é um cidadão que tem aversão a centros de saúde, aliás como em tempos referiu, e por isso, para ele os centros de saúde, hospitais, maternidades e Serviços de Atendimento Permanente (SAP), em particular os públicos, são luxos para os pobres dos contribuintes”, atira José Paixão.
Podem haver mais acções até final de 2007
O elemento da organização refere ainda que antes do final do ano “é bem possível que haja mais alguma acção de protesto, além do buzinão do dia 29”. Recorde-se que o movimento “Unidos pela Saúde” foi responsável pela vigília que decorreu na noite do dia 20 de Abril, numa caminhada debaixo de chuva, até ao serviço de Urgências de Anadia. “Uma acção que apesar do mau tempo que se fez sentir, acabou por correr bem”, diz José Paixão.
“Uma boa acção” no domingo
Questionado sobre a manifestação do último domingo, dia 23, José Paixão congratula todos os que participaram e considera a manifestação, encabeçada por autarcas, “uma boa acção”.
Milhares protestam contra fecho das Urgências
Cerca de cinco mil pessoas manifestaram-se na tarde de domingo, dia 23, em Anadia, contra o anunciado encerramento - no dia 2 de Janeiro, do serviço de Urgências do Hospital José Luciano de Castro. A população saiu à rua para manifestar-se em protesto, através de uma marcha lenta, que terminou junto àquela unidade de cuidados de saúde. O cortejo foi encabeçado por Litério Marques, presidente da Câmara Municipal de Anadia e por presidentes das Juntas de Freguesia.
Os populares concentraram-se antes das 15 horas em frente ao Edifício dos Paços do Município. Eram aos milhares, oriundos das 15 freguesias do concelho de Anadia. A tarde de sol ajudou. E Litério Marques estava satisfeito com a mobilização dos seus munícipes. Contudo, alguma revolta não deixava de invadir o autarca, que não esconde sentir-se “enganado”, visto garantir nunca ter-lhe sido dito que alguma vez as Urgências pudessem encerrar.
“O ministro (Correia de Campos) portou-se tremendamente mal. Num almoço em Elvas falou-me sempre de um tratamento diferente. Anadia seria um caso diferente porque tem todas as condições. Foram gastos cerca de três milhões de euros em obras de remodelação, o hospital é certificado, daí eu ter entendido que o Ministro da Saúde falasse sempre de um hospital diferente”, dizia Litério Marques.
A dada altura o autarca começou a organizar o cortejo. Na frente seguia uma viatura da Junta de Freguesia de Sangalhos, com altifalantes e cartazes, onde podia ler-se: “O Sócrates adoeceu! Rápido, para Sangalhos!”. E mais em baixo: “Novo Hospital de Sangalhos”.
Palavras contra o Governo
Os mais de cinco mil manifestantes gritaram sem parar palavras de ordem contra o Governo e contra o Ministro da Saúde, Correia de Campos.
Manuel Moniz, de Espairo, São Lourenço do Bairro, 67 anos, um dos manifestantes, referiu que “o povo de Anadia é muito pacífico”. “Temos uma auto-estrada que atravessa o concelho e um caminho-de-ferro. Se cortássemos estas duas vias é que era trabalho”, sugeriu.
“O ministro (Correia de Campos) devia ser enterrado num poço. Ao cimo da terra não anda a fazer nada”, atira Abílio Morais, da Junqueira, freguesia da Moita, 57 anos.
Da Câmara, o cortejo seguiu para a Avenida 5 de Outubro, depois para a Rua das Flores (Lidl), Rotunda do Itinerário Complementar 2 (IC2), IC2, nova rotunda do IC2, desta vez junto à EB 2/3 de Anadia, Avenida 25 de Abril e finalmente as Urgências do Hospital José Luciano de Castro.
De destacar que à chegada da rotunda da EB 2/3 de Anadia, a população parou no IC2, bloqueando o trânsito. Mas Litério Marques apelou ao microfone para que não o fizessem, “para não criarmos problemas. Foi um incidente sanado, que até pode ser considerado feliz, na medida em que o intuito das pessoas foi tornar a manifestação mais eficaz. Foi a emoção”, justificou.
Ministro não vai recuar
Já o sol se estava a pôr quando o cortejo chegou às Urgências. Litério Marques agradeceu a presença de todos e garantiu que mais acções vão haver, até que Correia de Campos recue. “Ainda não existe nenhuma comunicação por escrito a informar que as Urgências vão fechar, apenas uma ordem de serviço da Administração Regional de Saúde do Centro a anunciar o dia 2 de Janeiro. E se chegar a confirmação, avanço com a providência cautelar”, garantiu.
De acordo com a Agência Lusa, fonte do Ministério da Saúde disse que “a decisão é para o melhor das populações. Não faria sentido voltar atrás. A decisão é para manter e já foi anunciada”. (Foto: J. Pires)
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